
EU CREIO NA COMUNHÃO COM DEUS
Uma introdução a declaração de fé.
UMA BREVE DEFINIÇÃO DA PALAVRA COMUNHÃO
O significado da palavra comunhão segundo a maioria dos dicionários é: Ato de realizar ou desenvolver alguma coisa em conjunto. Ou também: Harmonia no modo de sentir, pensar, agir; identificação. Se nos apegarmos somente ao significado do dicionário, podemos chegar à conclusão que parece ser rasa esta definição, ou que deveríamos então classificá-la a níveis para entendermos melhor as possibilidades desta prática. Deixando essa definição de maneira bem sucinta, basicamente poderíamos dizer, que a comunhão só é possível a partir de um relacionamento, mas que nem todo relacionamento é comunhão. Se fossemos fazer um paralelo entre relacionamento e comunhão perceberíamos que apesar de as palavras ter igualdades, existe algumas diferenças. Um relacionamento pode ser bem superficial e não agregar a parte mais importante de uma comunhão que é a harmonia de sentir, pensar e agir. Existe relações bem individualistas que não podem ser categorizadas como comunhão em uma definição mais simplista. Pois a comunhão exige das duas partes envolvidas uma profundidade maior em envolvimento e entrega, sendo que, cada passo mais profundo nessa relação, mais riscos correrão os que assim fizerem, pois deixarão suas vidas cada vez mais abertas um ao outro. Nessa definição, é necessário dizer, que até aqui, não foi exposto nada explicativo sobre a comunhão de Deus, mas sim, a comunhão no aspecto “relação” entre pessoas. Pois ao tratarmos da comunhão no âmbito cristão, perceberemos que haverá uma diferença mais radical em relação a essa abordagem inicial sobre o significado dessa palavra.
Passemos agora então a entrar no assunto que desejamos que é a comunhão cristã, iniciando pelo entendimento da comunhão com o Criador de tudo.
O OBJETIVO DE DEUS NA CRIAÇÃO DO HOMEM.
O QUE CREIO?
BASE BÍBLICA:
Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança
Gênesis 1:26
MEU ARGUMENTO:
Deus foi autor de toda criação. Ele trouxe a existência todo o cosmo, desde a maior das estrelas ao menor organismo vivo existente, a autoria é Dele. Cada dia desta criação podemos observar que Deus foi organizando um planeta onde só havia o caos (Gn 1:2), o planeta que chamamos de terra. Ao chegarmos ao sexto dia temos uma peculiaridade, algo que não foi dito em nenhum dia da criação. Deus disse: “Façamos conforme a nossa imagem...”, para nenhum animal foi dito isso, para nenhum elemento, mas somente para o homem. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus, e isso nos torna únicos na criação. Uma das principais diferença está na capacidade de poder se comunicar com Deus, falar, escutar, pensar, agir e realizar funções completamente impossíveis a qualquer outra criatura que Ele criou. Podemos ver por exemplo que Deus mantinha a comunicação com Adão através de algumas passagens:
Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se
Gênesis 1:28
E o Senhor Deus ordenou ao homem
Gênesis 2:16
...o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe a ele.
Gênesis 2:22
Nestes versos por exemplo, vemos uma interação entre Deus e o homem. Deus fala, ordena e apresenta a sua nova criação ao homem, a mulher! Se analisarmos então o relato pós queda de Gênesis (Gn 3:8-24), iremos perceber que já existia uma familiaridade entre Deus e o casal no jardim. Há uma comunicação recíproca entre eles. Não existe aspecto de impessoalidade, nem nos parece ao ler os textos de que Deus está longe e Adão só escuta uma voz distante. O fato narrado destas conversas, revelam que Deus estava presente no jardim ao ponto de Adão sentir quando Ele estava chegando perto (Gn 3:8). Isso fez com que ele se escondesse por conta das consequências do pecado. Ou seja, podemos concluir que neste evento fica claro que não era a primeira vez que Deus tinha se aproximado de Adão. Pois precisaria existir um certo conhecimento sobre Deus na vida de Adão para que ele conseguisse identificar a presença de Dele chegando perto naquele momento. Podemos também conjecturar de que possivelmente existia essa prática de Deus vir as tardes conversar com Adão, principalmente pela responsabilidade que Adão tinha em administrar esse tão lindo jardim (Gn 2:15).
Algo importante a ser dito ainda dentro da criação do homem, diz respeito a Deus. Precisamos deixar claro que Deus criou o homem por Sua vontade e para Sua Glória. Não devemos ter um pensamento de que Deus criou o homem por se sentir sozinho e assim precisar então de uma companhia. Deus não precisava de nada, ou seja, Ele é completo em Si mesmo! O homem foi criado por Deus com base no relacionamento que já existia na eternidade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Sendo então um fruto desse relacionamento. Ao pegarmos o verso base que usamos percebemos a pluralidade da palavra “fazer”, ou seja, havia ali uma conversa entre pelo menos duas pessoas, combinando de fazer o homem: “Façamos o homem segundo a nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”. É claro que ao entendermos a doutrina da trindade, sabemos então que não se tratava de duas pessoas, mas sim de três (Pai, Filho e Espírito Santo).
Dito isto, podemos ir para uma segunda base bíblica que nos levará a mesma conclusão: “Deus criou o homem com o propósito de ter comunhão com Ele”.
BASE BÍBLICA:
Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra".
Gênesis 1:28
Outro ponto que devemos notar nessa relação de Deus com homem é sua intenção de colocar sob a responsabilidade de Adão toda a terra. Partimos da ideia de que o que Deus queria com este relacionamento era desenvolver uma expansão da Sua vontade, considerando também as escolhas do homem sobre a criação, como a nomeação dos animais por exemplo. Esta é uma conclusão que só é possível ser feita com muitas outras passagens no decorrer da narrativa bíblica. Para não sermos extensos demais podemos observar algumas das mais importantes. Sairemos de Adão e falaremos sobre a vida de Abraão.
Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se separou dele: "De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre. Tornarei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Se for possível contar o pó da terra, também se poderá contar a sua descendência. Percorra esta terra de alto a baixo, de um lado a outro, porque eu a darei a você".
Gênesis 13:14-17
Muitas coisas ocorreram antes de chegarmos neste relato da vida de Abraão. Podemos destacar o recomeço através da família de Noé e a mesma ordem sendo feita por Deus a ele após o dilúvio (Gn 9:3), a terra precisaria ser habitada e dominada, porém o homem agora era pecador e precisava ser direcionado de volta ao relacionamento com Deus, mas disso trataremos em um outro ponto.
Não temos muitos detalhes de como era a vida de Abraão antes de Deus o chamar (Gn 12:1). Mas o que nos importa por hora, é saber que este chamado contém uma promessa preciosa: “...vai para terra que eu te mostrarei”. Abraão caminhava com Deus e no caminho muitas coisas aconteceram por meio do relacionamento que eles tinham. Deus achou em Abraão o que podemos chamar de amigo, ao ponto de não esconder os planos Dele contra Sodoma e Gomorra (Gn 18:17). E não somente isso, mas após um dos momentos mais dramáticos, em que as escrituras narram a entrega de Isaque feita por Abraão, vemos a profundidade de relacionamento que o homem pode ter com Deus. Abraão tanto amou a Deus que não negou seu filho. Isso fez com que o Senhor jurasse que tudo o que Ele lhe havia prometido seria cumprido (Gn 22:15-18). Quando lemos as palavras de Jesus em Mateus 22:36 em que Ele define qual é o maior mandamento, temos dificuldades de crer na possibilidade de amar a Deus acima de todas as coisas. Mas esse exemplo da vida de Abraão, na entrega de Isaque, nos revela que isso é possível. Não precisamos fazer aqui uma exposição completa da vida de Abraão para saber o quanto Isaque era importante para seu pai. Nem precisamos dramatizar muito esse momento em que Abraão leva Isaque e o coloca sobre o altar, para saber o quanto aquilo foi um exemplo extremamente profundo do nível de relacionamento que Abraão tinha com Deus.
Apesar de haver muitas coisas preciosas na vida de Abraão, o ponto que quero destacar agora é parte da promessa feita de que ele receberia uma terra. Abraão seria o precursor de um uma nova revelação das intenções de Deus sobre este relacionamento com o homem. Abraão seria pai de uma nação, e esta seria chamada por Deus de “Meu povo” (Ex 3:7). Não somente isso, mas através deste povo, todas as famílias da terra seriam abençoadas, o que aponta claramente para o nascimento de Jesus (nossa maior benção), que nasceu desta nação, e aponta para a Igreja de Jesus que é benção para todas as famílias na terra. E como Igreja somos filhos de Abraão (natural ou espiritual, Gl 3:29). A terra prometida, como podemos ver, ao lermos a bíblia, é a terra de Canaã, onde hoje é Israel. Mas a promessa não se limitava a só este pequeno pedaço geográfico neste grande planeta. Como podemos ver nas palavras do apostolo Paulo:
Não foi mediante a lei que Abraão e a sua descendência receberam a promessa de que ele seria o herdeiro do mundo, mas mediante a justiça que vem da fé.
Romanos 4:13
A promessa de Deus para Abraão incluía muitos filhos (como a areia e as estrelas, Gn 12:16 / Gn 26:4), a promessa incluía uma terra, uma terra grande o suficiente para muitos filhos, para a expansão do domínio de muitos filhos. Por meio de um chamado, um homem se relacionou com Deus, e este foi o seu guia, eles andaram juntos, e esta família foi crescendo como a promessa dizia, a terra foi sendo possuída por estes filhos, e eles cada vez mais se tornavam bençãos para as demais nações, pois eles são o povo de Deus!
Deus deu a terra para Adão, para ele dominar. A ordem era se multiplicar e encher a terra para expandir esse domínio. Mas isso não foi possível com Adão, pois ele caiu desejando ser igual a Deus e precisou ser expulso do Édem. Deus traz um dilúvio na época de Noé, todos morreram menos a família de Noé e novamente a ordem foi encham a terra, dominem. Mas novamente houve corrupção e os homens desejaram tocar os céus com uma torre para engrandecerem seu nome. Agora Deus chama Abraão para ir para o local onde tudo se iniciou. E através da família de Abraão toda a terra será conquistada e abençoada. De Abraão nasce a Nação de Israel, na Nação temos a linhagem de Jesus que será o rei de toda a terra. Jesus é filho de Abraão e é filho de Deus, assim como nós. Por isso também somos os coerdeiros das promessas feitas a Abraão por meio de Jesus.
A importância da Nação de Israel nessa base da nossa definição é vital. Quantas declarações de amor Deus fez a Israel durante toda a história bíblica? Poderíamos citar várias delas aqui. Ele a ama como sua esposa, independentemente de qualquer situação, mesmo sendo traído, Ele a ama!
— Porque vocês são povo santo para o Senhor, seu Deus. O Senhor, seu Deus, os escolheu, para que, de todos os povos que há sobre a terra, vocês fossem o seu povo próprio. O Senhor os amou e os escolheu, não porque vocês eram mais numerosos do que outros povos, pois vocês eram o menor de todos os povos. Mas porque o Senhor os amava e, para cumprir o juramento que tinha feito aos pais de vocês, o Senhor os tirou com mão poderosa e os resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito.
Deuteronômio 7:6-8
Esta é a história de uma grande família de muitos filhos, e essa família é o povo escolhido de Deus na terra. Um relacionamento grandioso, carregado de emoção, drama, suspense, terror, e muito amor. Cada passo uma nova descoberta, cada novo capítulo das escrituras um novo desdobramento desse maravilhoso plano de Deus para com os homens.
Da Nação de Israel temos os profetas, homens que ouviram a voz de Deus para sempre trazer a memória as promessas feitas a Abraão. Da Nação temos Jesus que ao cumprir sua obra incluiu muitos outros filhos nessas promessas e os capacitou de serem chamados filhos de Deus.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
João 1:12,13
Podemos perceber que Deus desejava uma família com muitos filhos semelhantes a Jesus, unidos, desfrutando de comunhão por meio do seu Espírito. É o envolvimento dos homens com toda a trindade trazendo assim o sentido mais claro do verso: “façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn 1:26).
Creio que poderíamos nos aprofundar mais sobre isso, mas os próximos pontos assim o farão, por isso, passemos agora para mais uma declaração de fé.



